terça-feira, 6 de novembro de 2012

Sobe e desce, compra e venda – A crise da bolsa de valores de 1929

5°)A crise da bolsa de valores de 1929

A partir de 1929, grande parte do mundo sofreu uma grave crise econômica. A produção industrial e o nível de emprego foram reduzidos, prejudicando um número incalculável de trabalhadores.

Essa crise teve início nos Estados Unidos, que, durante a Primeira Guerra Mundial, haviam enriquecido muito. O otimismo reinante no país naquela época fez com que a possibilidade de uma crise fosse ignorada. Milhões de pessoas foram surpreendidas quando ela ocorreu, e seus efeitos foram sentidos por mais de uma década.

Até a Primeira Guerra Mundial, a maior parte do mundo era abastecida por produtos industrializados vindos da Europa, principalmente da Inglaterra. Naquela época, as fábricas dos Estados Unidos produziam para o mercado interno e para outros países da América.

Durante a guerra, as empresas estadunidenses passaram a vender para antigos clientes dos europeus. Para aumentar a produção, os industriais fizeram investimentos por meio de empréstimos bancários, ou com o lançamento de ações (ver boxe Como funciona o mercado de ações).

Esse movimento foi acompanhado por empresas de outros países, levando a um aumento da capacidade de produção mundial. Investir no parque industrial nesse período tornou-se um negócio extremamente lucrativo nos EUA, pois a concorrência havia enfraquecido no mercado internacional. Porém, ao final do conflito, as firmas europeias se reconstituíram aos poucos, buscando retomar seus antigos mercados.

Mesmo assim, as companhias estadunidenses não paravam de crescer. E elas dependiam de mercados externos para vender sua produção.

Nos EUA, a renda dos trabalhadores era insuficiente para absorver tudo o que saía das fábricas. Os operários recebiam baixos salários, o que os impedia de comprar a maior parte das mercadorias que produziam.


O crack da Bolsa de Nova York


Na década de 1920, a procura por produtos industrializados estadunidenses no mundo todo foi caindo à medida que aumentava a procura por mercadorias europeias. Mas as companhias estadunidenses continuaram a trabalhar a plena carga. Em circunstâncias assim, sem demanda, os estoques aumentam e pode haver uma crise de superprodução.

Finalmente, as empresas que tinham acumulado enormes estoques tiveram de parar ou reduzir a produção. O valor de suas ações mostrou os primeiros sinais de enfraquecimento nas Bolsas de Valores, após um longo processo de valorização. Enquanto as Bolsas promoviam grandes lucros, um número cada vez maior de cidadãos aplicava seu dinheiro em ações.

Os preços subiam sem parar; os lucros da valorização atraíam mais e mais gente. E assim por diante.

Os bancos engrossaram esse movimento, na medida em que passaram a emprestar dinheiro para quem queria comprar ações. Eles aceitavam como garantia as próprias ações adquiridas pelos clientes, que mais adiante pagariam por isso.

Chegou o momento, porém, em que muitas empresas começaram a ter dificuldade de vender seus produtos. Com isso, caiu o preço de suas ações. Quem possuía ações de empresas em dificuldades passou a vendê-las. Em 1929, o número de pessoas que queria vender ações era cada vez maior. 

No dia 24 de outubro de 1929, a pressão para vender ações foi intensa na Bolsa de Valores de Nova York. Sem compradores, os preços dos títulos despencaram a ponto de os administradores da Bolsa terem de fechar as portas para evitar um desastre maior.


Riqueza e pobreza

Até a Primeira Guerra Mundial, a maior parte do mundo era abastecida por produtos industrializados vindos da Europa, principalmente da Inglaterra. Naquela época, as fábricas dos Estados Unidos produziam para o mercado interno e para outros países da América.

Durante a guerra, as empresas estadunidenses passaram a vender para antigos clientes dos europeus. Para aumentar a produção, os industriais fizeram investimentos por meio de empréstimos bancários, ou com o lançamento de ações (ver boxe Como funciona o mercado de ações).

Esse movimento foi acompanhado por empresas de outros países, levando a um aumento da capacidade de produção mundial. Investir no parque industrial nesse período tornou-se um negócio extremamente lucrativo nos EUA, pois a concorrência havia enfraquecido no mercado internacional. Porém, ao final do conflito, as firmas europeias se reconstituíram aos poucos, buscando retomar seus antigos mercados. Mesmo assim, as companhias estadunidenses não paravam de crescer.
E elas dependiam de mercados externos para vender sua produção.

Nos EUA, a renda dos trabalhadores era insuficiente para absorver tudo o que saía das fábricas. Os operários recebiam baixos salários, o que os impedia de comprar a maior parte das mercadorias que produziam.


Fazendo um estudo comparativo entre a crise de 29 e a crise econômica atual somos levados a crer numa certa incapacidade dos americanos de lidar com o sucesso. Que eles são trabalhadores e muito criativos não dá para negar, mas falta-lhes, creio eu, o hábito da reflexão aprofundada, uma visão geral dos fenômenos econômicos e sociais, falta-lhes certa prudência, a partir das experiências anteriores, como acontece a europeus e asiáticos.

Enquanto as outras nações definham lentamente, dando lugar às novas forças hegemônicas, os americanos simplesmente desabam, criando um perigoso vácuo político econômico – a última vez em que isso ocorreu, o mundo acabou na mais sangrenta guerra mundial da história. Os elementos são parecidos: uma crença ingênua no liberalismo clássico, quase inexplicável depois de tudo que o já aconteceu, nas leis cegas de mercado e em um ciclo de prosperidade aparentemente interminável, embora a crise de atual tenha um agravante em relação à de 29: a crise atual pegou os americanos em meio a uma guerra longa e ainda indefinida, contra os inimigos de Israel. Espero que uma reflexão sobre 29 ajude a compreensão daquilo que está ocorrendo atualmente e, na medida do possível, tranquilize os angustiados e alerte aos responsáveis. 


A atual crise que assola o capitalismo tem sido comparada ao “crash” (quebra) de 1929, que iniciou uma longa depressão na economia mundial e teve efeitos catastróficos para a classe trabalhadora. O que aconteceu naqueles dias de outubro não foi apenas um pequeno abalo ou uma turbulência semelhante a várias outras crises capitalistas.


A crise de 1929 foi o maior desastre da história capitalismo no século 20 e representou uma devastação da economia mundial. Os resultados foram a pobreza generalizada das massas, uma drástica desvalorização e a aniquilação de capitais e mercadorias. O tombo, evidentemente, foi mais alto nos EUA, epicentro da crise e a maior economia global.

Os historiadores E. Hobsbawn e Paul Kennedy estimam que, entre 1929 e 1931, a produção norte-americana de automóveis caiu pela metade. A produção industrial dos EUA caiu em um terço no mesmo período. Entre 1929 e 1932, as exportações e importações (trigo, seda, borracha, chá, cobre, algodão, café etc.) despencaram em taxas de 70%. Em 1929, apenas nos EUA, 4,6 milhões de trabalhadores tinham perdido seus empregos. Em outubro de 1931, eram 7,8 milhões; em 1932, somavam 11,6 milhões; e em 1933 havia nos EUA 16 milhões de desempregados, 27% de toda força de trabalho do país.

A crise se expandiu para todo o sistema capitalista. O comércio mundial caiu 60%. Houve uma crise na produção básica de alimentos e matérias-primas devido à queda vertiginosa dos preços destes produtos. O Brasil tornou-se símbolo do desespero e da dramaticidade da crise, quando o governo queimou os estoques de café (principal produto de exportação do país) em locomotivas a vapor numa inútil tentativa de frear a queda dos preços do produto.

A Grande Depressão não teve efeitos catastróficos apenas para os trabalhadores norte-americanos. No pior período da depressão, entre 1932 e 1933, o desemprego chegou a níveis nunca vistos na história do capitalismo. Na Inglaterra, o índice chegava a 23%. Na Alemanha, a taxa de desemprego atingiu os espantosos 44%.

O desemprego em massa produziu cenas macabras como as enormes filas de sopas – conhecidas como Marchas da Fome – em bairros operários onde as fábricas estavam totalmente paradas. O drama dos trabalhadores também foi registrado pelo o olhar de artistas da época. É o caso do livro A Vinha da ira, do escritor norte-americano John Steinbeck, cuja história é de uma família pobre do estado de Oklahoma durante a Grande Depressão, que se vê obrigada a abandonar suas terras, perdidas por dívidas bancárias. Ou ainda, o filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, fabuloso registro da miséria daqueles tempos e uma rigorosa crítica da produção com base no sistema de linha de montagem e especialização do trabalho.

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